Em 1978, Bruno Leone aprendeu a arte das guarattelle com Nunzio Zampella, o último mestre guarattellaro napolitano, e evitou assim o desaparecimento de uma tradição que remonta aos andarilhos e acrobatas medievais. O espectáculo deve a sua vitalidade à capacidade dos mario- netistas de combinar memória e atualidade numa relação muito próxima com o público. Bruno Leone, que retomou os canovacci e os formatos desta arte, contribuiu significativamente para o renascimento de um género teatral deveras importante para a história da cultura napolitana, europeia e mundial. Polichinelo, sempre em palco à direita do marionetista, pontua a alternância das histórias com a sua voz mágica – obtida com um instrumento secreto, a pivetta (palheta).

STORIE DI PULCINELLA

Pulcinella (Polichinelo) é uma personagem clássica que teve origem na commedia dell’arte do século XVII e que se tornou uma personagem de referência na marioneta napolitana (Itália). Primo do português Dom Roberto, é o homem que consegue escapar à morte, ridicularizar o poder e a arrogância, ao mesmo tempo que demonstra medo, inquietação e todos os sentimentos que não pertencem a heróis de contos de fadas, mas sim ao homem comum. Storie di Pulcinella conta as histórias clássicas de Polichinelo, o seu amor por Teresina, a luta contra o cão, o guappo, o carabiniere e a morte. O espetáculo adapta- -se sempre ao público que encontra, dando assim a ideia de ser único, e desta forma representa histórias antigas, tornando-as modernas e universais. Pode assim tornar-se um reencontro, uma lição, uma história, uma viagem em conjunto no maravilhoso mundo das marionetas de luva.