Em 2004, uma equipa de investigadores e marionetistas iniciou o processo de recuperação de um tipo de teatro utilizado nos séculos XVII e XVIII na Europa, o “Teatro de Máquina Real”.
Como resultado desta investigação, em 2009 a companhia estreou o espetáculo “El esclavo del demonio” em Cuenca. Atualmente, encontram-se a trabalhar na recuperação de uma forma de entretenimento que existiu em Espanha durante vários séculos, precisamente no Século de Ouro da dramaturgia espanhola. Esta forma de teatro de marionetas tem muito a contribuir para a sociedade do século XXI, pois tem essa qualidade intemporal que permite ao clássico dialogar com públicos de qualquer outra época.

CERCA DEL TAJO, EN SOLEDAD AMENA

Viajamos da corte vice-real de Nápoles para as margens do Tejo, não muito longe de Toledo. Num cenário bucólico, várias ninfas tecem as histórias de dois pastores, Salicio e Nemoroso, que cantam e contam os seus amores desastrosos às ovelhas, aos pássaros, às árvores e às fontes.
Com base numa pesquisa multidisciplinar historicamente informada, a companhia transformou as éclogas de Garcilaso de la Vega em material cénico com música renascentista e um espetáculo de marionetas, mas, para além do exercício de estilo, interessa contrastar a visão idílica que o poeta toledano tinha da paisagem em que nasceu com o preocupante estado atual do ambiente do rio Tejo, com as suas águas não tão caudalosas, puras ou cristalinas.