Após viajar pelo Nordeste brasileiro com o amigo Carlinhos Babau integrando o Carroça de Mamulengos, Chico Simões fundou, no início dos anos 80, junto com Zé Regino, Natinho Nonato, Nilson Rodrigues e Rose Nugoli, o Mamulengo Presepada. O trabalho cresce na rica convivência com mestres da cultura tradicional, como Zé de Vina, Chico de Daniel, Joaquim do Babau, Zezito, Zé Lopes e Saúba. Mestre Sólon, do Mamulengo Invenção Brasileira, presenteou o grupo com os primeiros bonecos e o abençoou, ensinando que “Em São Saruê, vive tudo que se imagina” e que “O boneco
é anterior ao homem”.
Com o passar do tempo, o grupo desenvolveu uma linguagem própria, caracterizada pela leitura e interpretação das várias estéticas do Teatro Popular de Bonecos do Nordeste: Mamulengo (PE), Babau (PB), Cassimiro Coco (CE), Calunga e João Redondo (RN), registrados recentemente como patrimônio imaterial pelo IPHAN. O grupo também se inspira em bonecos populares de outros países, como o Pulcinella (Itália), o Punch and Judy (Inglaterra) e os Bonecos de Santo Aleixo (Portugal). Buscando aplicar os princípios da Antropologia Teatral aãao Mamulengo, o grupo participhpa da Escola Internacional de Antropologia Teatral (ISTA), coordenada por Eugênio Barba.
Chico Simões foi artista visitante nos Estados Unidos pela Universidade de Berkeley (Califórnia) e na Universidade de Connecticut (Nova Inglaterra). Viajando por todo o Brasil, América Latina e Europa, participou de importantes eventos culturais, recebendo enorme reconhecimento público, como o Prêmio Teatro Popular de Bonecos do Nordeste – IPHAN/MinC (2016); Prêmio SESC do Teatro Candango (2015); Melhor Espetáculo de Rua do Festival Nacional de Teatro de Anápolis/GO (2015); Prêmio Myriam Muniz – Funarte (2014); Prêmio Mazzaropi – Mestre de Cultura Popular – Ministério da Cultura (2013); Bolsa Virtuose – Ministério da Cultura (1998); Melhor Ator e Melhor Espetáculo Infantil do Festival Nacional de Teatro de Florianópolis (1997), dentre outros.
O grupo integra, ainda, o Ponto de Cultura Invenção Brasileira, espaço coletivo de convivência e formação permanente de brincantes e agentes culturais comunitários no Mercado Sul, em Taguatinga/DF, mantendo em seu repertório diversos espetáculos.

Alguns personagens do Romance do Vaqueiro são clássicos da cultura popular e trazem parentesco com os personagens da Commedia Dell Arte: Benedito, Margarida, João Redondo e Doutor Mané Vou Lá Hoje. Outros são bem brasileiros, como Zé da Sanfona, Rosinha do Bole-Bole, ‘ Palhaço da Vitória e Janeiro Vem Janeiro Vai. Alguns são mitológicos, como a Alma da Defunta Sem Vergonha, José Lusbel Tufá e o Jaraguá. Animais simbólicos também entram como a Cobra Grande Carpina, o Bumba Meu Boi Estrela e o Passarinho Boa Nova, além de outros chamados ao sabor dos improvisos e da comunicação direta com o público.
A história começa, e o sanfoneiro “afunfa o fole” para Rosinha, Janeiro e Palhaço da Vitória abrirem os trabalhos dançando Forró, Frevo e Baiano. Atraídos pela música, chegam Benedito, Margarida e o Boi Estrela, que estão fugindo das terras do Capitão João Redondo, pai de Margarida. Ela está grávida e, por isso, buscam abrigo na cidade entre a comunidade formada pela plateia. João Redondo os persegue e ataca a todos que se põem no caminho, chamando a Cobra para comer tudo que vê pela frente! Para alegria geral, mesmo com os perigos, a criança nasce. Alguém na plateia se habilita para ser madrinha ou padrinho?!