Bonecos de Santo Aleixo – CENDREV, Centro Dramático De Évora

Estes títeres tradicionais do Alentejo parecem ter tido a sua origem na aldeia que lhes deu o nome. São títeres de varão, manipulados por cima, à semelhança das grandes marionetas do sul de Itália e do norte da Europa. Os textos tradicionais, que eram somente transmitidos por via oral, chegaram até ao presente através de sucessivas gerações de bonecreiros. Os textos resultam de uma fusão entre a cultura popular e uma escrita erudita. Conhecidos e apreciados em todo o país, com frequentes deslocações aos locais onde tradicionalmente se realizava o espectáculo, os Bonecos de Santo Aleixo participam também em muitos certames internacionais fora do país e são os anfitriões desta Bienal que se realiza desde 1987. O lugar de representação é um retábulo, construído em madeira e tecidos floridos, reproduzindo um palco tradicional em miniatura com pano de boca, cenários pintados em papelão e iluminação própria (candeia de azeite). Os bonecos são realizados em madeira e cortiça e são vestidos com um guarda-roupa que permite, como no teatro naturalista, identificar as personagens da fábula contada. A música (guitarra portuguesa) e as canções são executadas ao vivo.

AUTO DA CRIAÇÃO DO MUNDO

Depois do baile dos anjinhos – início obrigatório de cada representação -, os dois astros que presidem ao dia e à noite são criados. As figuras antropomórficas do Sol e da Lua envolvem-se em disputa e anunciam a vinda do Messias e a sua Paixão. A seguir o Padre Chancas e o Mestre Salas, que pontuam todo o espectáculo com comentários, fazem a sua entrada e põem fim ao diálogo entre o Sol e Lua.

Inicia-se a criação do género humano: Adão e, a pedido deste, Eva, são criados. Deus proíbe-os de comerem o fruto da árvore do Bem e do Mal. Deus cria os animais e dá-lhes os nomes. Nesta cena, Mestre Salas, empregando uma linguagem bastante “livre”, incita o público a participar na acção.

Enganada pela Serpente, Eva come o fruto proibido e partilha-o com Adão. São expulsos do Paraíso por um Anjo enviado por Deus. Já na Terra, Adão cava e Eva lamenta-se em grande pranto. Adão acusa-a de ser a grande causadora da expulsão deles.

Na cena seguinte, Abel e Caim apresentam a Deus as suas oferendas; Ele rejeita a de Caim que, com ciúmes, mata o irmão. Abel é conduzido “em corpo e alma” para o Paraíso. Segue-se uma cena entre Caim e a sua mãe Eva; Caim, que emprega uma linguagem bastante imoral, é punido por Deus que o lança no Inferno. Aí, a par da sua “independência de carácter”, pronuncia um discurso moralizador e a cena termina com um convite aos diabos para um jogo de cartas, aliás motivo frequente da queda dos homens em pecado.

Cidade: Évora

Actores Manipuladores: Ana Meira, Gil Salgueiro Nave, Isabel Bilou, José Russo e Victor Zambujo

Acompanhamento Musical: Gil Salgueiro Nave


Idioma: Português

Duração:  60 min.

Público: Todos


JUNHO 2021

ARMAZÉNS DA PALMEIRA

Dia 2 (quarta-feira) – 19H00

Dia 3 (quinta-feira) – 19H00

Dia 5 (sábado) – 19H00